quinta-feira, 20 de novembro de 2014

VOCÊ AINDA PODE VIVER

Você ainda pode viver! Fiz das tripas coração. Pulsa a alma entre poros, a fadiga eloquente deste corriqueiro cotidiano. Sobressai, porções de felicidade, gotas escorridas de perseverança. É um deleite pertencer ao próprio juízo. Na memória que corre entre minhas veias, a cor vigorosa das glórias dos proscritos que nunca desistiram, cicatrizaram o solo deste hoje. Plantemos as sementes do amanhã.


Parabéns aos cadáveres que habitam sua nação sem se sentir na vida. É o que me resta, debochar desse digesto...
Você ainda pode viver, sentir esse sol iluminar as ideias ou deixar cegar os olhos da ignorância com ardor.
Esse veneno que lhe alivia a dor, é o mesmo mel que alicia os teus iguais. Morto não sente dor. Vivo seja pelo que for. Desfruto desnudo da dádiva de viver. Eu, você e vocês que preferem o luto á luta, devem a vida, bendizendo essa eterna divida sem preço.
- Ainda se pode reviver?
Ora, mas que pergunta insensata. Afinal, ela - a vida - é de fato feita para desvairar; num instante ou decadente se desfaz. Mas esse sopro. Por si, enquanto lhe prende na beleza de ser, refaz o existir, um sublime indefinido, supera os ideais.
Você ainda pode viver! Deixe o luto para os insanos, pois dar murro em ponta de faca e culpar a lâmina de estar afiada, desperdiça sangue desse amor doentio. Há quem prefere a dor sucessiva para se realizar, ao invés do desapego de sua carne. Ao desviver disso, viva intensamente hoje. Ressuscite o amor próprio e não se anule  nesse pré-fabricado "amor pasteurizado", que te isola no luto. Você ainda pode viver!

Um comentário:

  1. Um dos melhores, ficou claro mas não óbvio.
    Aliás está aí uma coisa que queria fazer: escrever de forma mais subjetiva, sem "entregar o ouro".

    ResponderExcluir