De tanto almejar meus
sonhos de infância, morri.
Já adulto, mundano, num
raso sonho falso e vil,
Tentei discernir todas as
cores pra escuridão pintada,
Mistura de tintas em empastes
desleixados, eu desolado.
Personas e vultos
borrados ao fundo, lixos e sombras,
Uma ideia fixa e
egocêntrica, e as moscas varejeiras.
Os ossos rugindo de dor.
Os olhos encovados da cegueira.
Abstinência de veneno.
Era a tinta tóxica de cor branca.
Sofria. Já não desfrutava
e enegrecia o sentido. Angustia.
A minha impotência me
levava a pincelar sem rumo.
Criava a arte da dor. A
minha própria difamação. Caos.
Antes de assinar a obra
aos vômitos. Esperei o despertar.
Aquelas cores mórbidas não
me agradavam como outrora.
Resolvi, então, reviver
meus sonhos de pequenino. Repintei.
(02/07/14)
Imagem: Acchison Henrique