quinta-feira, 3 de julho de 2014

A OBRA INSPIRADA DO FUNDO DO POÇO

























De tanto almejar meus sonhos de infância, morri.
Já adulto, mundano, num raso sonho falso e vil,
Tentei discernir todas as cores pra escuridão pintada,
Mistura de tintas em empastes desleixados, eu desolado.

Personas e vultos borrados ao fundo, lixos e sombras,
Uma ideia fixa e egocêntrica, e as moscas varejeiras.
Os ossos rugindo de dor. Os olhos encovados da cegueira.
Abstinência de veneno. Era a tinta tóxica de cor branca.

Sofria. Já não desfrutava e enegrecia o sentido. Angustia.
A minha impotência me levava a pincelar sem rumo.
Criava a arte da dor. A minha própria difamação. Caos.

Antes de assinar a obra aos vômitos. Esperei o despertar.
Aquelas cores mórbidas não me agradavam como outrora.
Resolvi, então, reviver meus sonhos de pequenino. Repintei.

(02/07/14)

Imagem: Acchison Henrique 

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